sábado, 15 de setembro de 2012

VOTO; PODER DE DEUS

VOTO; PODER DE DEUS

                            A proximidade de mais uma eleição me fez pensar na responsabilidade do cristão quanto ao seu voto. Considerando o assunto à luz da Bíblia conclui que o voto faz parte do exercício do poder de Deus dado ao homem. Isso mesmo: voto é poder de Deus.
                            Às vezes pensamos no poder de Deus somente relacionado à nossa vida espiritual e ao exercício dos dons dados por Cristo à Igreja. Mas o poder de Deus é algo muito mais amplo. Aliás, não conseguimos expressar quão grande é o poder de Deus.
                            Digo que voto é poder de Deus porque foi Ele, como o Criador, que deu ao homem o poder de governar sobre a terra. Em Genesis 1.28 está a ordem de Deus para que o homem exerça sujeição e domínio sobre a terra e tudo o que nela há. Daí o estabelecimento do governo humano.
                            O que ocorre, todavia, é que Deus não deu esse poder ao homem para exercê-lo livremente, ao seu bel prazer, sem limites. Pelo contrário: Deus estabeleceu Suas leis para que o homem governasse em obediência a todas elas.
                            Desde que o homem se organizou em sociedade e Estado, necessário foi criar um organismo para o governo de suas relações comuns. Todavia, não importa qual seja a forma ou sistema de governo, o poder exercido será sempre originado em Deus.
                            Estando diante de Pilatos, Jesus foi enfático ao dizer que o governante romano não teria nenhuma autoridade se “de cima” não lhe fosse dada (Jo. 19.11). Na linguagem de hoje, o texto diz: “O senhor só tem autoridade sobre mim porque ela lhe foi dada por Deus.” O mesmo Jesus ensinou muito bem aos seus discípulos que se sujeitassem às autoridades, reconhecendo a necessidade de se submeter ao governo humano em obediência ao Pai. Um exemplo se vê no episódio envolvendo a questão do tributo (Mt 22.21).
                            Nos ensinamentos de Paulo também encontramos ensinamentos muito claros sobre este assunto. O principal deles está contido em Romanos 13. O apóstolo foi enfático: “não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas” (Rom. 13.1). E mais: “...aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.” (vs. 2)” No versículo 4 Paulo esclarece ainda mais ao dizer que “a autoridade é ministro de Deus”.
                            As autoridades, portanto, estão a serviço de Deus. Para tanto, se valem de um poder que provém do Todo Poderoso, dado ao homem para estabelecer o governo na terra. Então, não há outra conclusão: governar é exercer o poder de Deus. Tal tarefa deve ser feita sempre para o bem, para cumprir os propósitos de Deus. Cabe a quem exerce o poder fazê-lo dignamente, pois todos darão conta a Deus do poder que receberam para exercer.
                            Até aí parece que estamos fortalecendo nossos costumeiros discursos contra as autoridades constituídas. Mas temos que pensar em algo muito sério: quando criticamos as autoridades precisamos considerar, antes, que elas não estão exercendo o poder por si mesmas. Não receberam o poder diretamente de Deus. Fomos nós, os eleitores, que lhes outorgamos o poder que todos recebemos de Deus para o governo humano. Isso é o que significa democracia.
                            Quando o governo é totalitário, o povo não responde pelo seu exercício, pois não delegou autoridade a ninguém. Quem exerce o poder o faz por usurpação. Mas quando o regime é democrático, não escapa da responsabilidade aquele que escolhe o governante.
                            A única maneira de se isentar diante de Deus das conseqüências de um mau governo é exercendo corretamente o direito de escolha, o direito de voto. Não estou dizendo que quando elegemos alguém somos responsáveis por tudo que este alguém faz. Depende de como e porque o escolhemos.
                            Se votamos movidos por nossos próprios interesses; se votamos motivados por alguma promessa de cunho pessoal; se votamos porque negociamos cargo para nós ou para terceiros, ou alguma vantagem indevida, ainda que para alguma instituição a que pertencemos ou representamos; se votamos movidos por um sentimento de revanchismo ou rancor contra outrem; se votamos conscientes dos maus propósitos do candidato que escolhemos, quando tínhamos melhor opção... E assim por diante...
                            Se meu voto não foi sincero, limpo, puro, honesto, justo, transparente, pensando no bem estar comum, não ficarei totalmente isento de responsabilidade diante de Deus pelos maus atos de quem escolhi.
                            Não é à toa que a Constituição Federal do Brasil diz que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente...” (parágrafo único do art. 1º). É claro que o legislador constituinte ignora aí a fonte primeira do poder, que é Deus, embora seja justo dizer que no preâmbulo do Texto Constitucional está a expressão “sob a proteção de Deus”. Não deixa de ser um reconhecimento de que tudo o que segue somente existe por força do poder de Deus. A Ele seja a glória!
                            Quando o voto não é dado a partir de uma consciência livre, sem estar movido por qualquer interesse próprio, atraímos para nós a responsabilidade pelo mau exercício desse poder. Somos nós quem estamos outorgando a alguém o poder de exercer ou não a vontade de Deus.
                            Oh, como nós cristãos temos ignorado a responsabilidade que temos quanto ao governo das coisas da terra! Estamos esquecendo que o plano do Senhor é que a vontade Dele seja feita aqui, assim como é feita no céu (Mt. 6.10). Esse deve ser o desejo que precisamos expressar diante de Deus em oração.
                            Mas de que vale dizer para Deus que queremos a vontade Dele aqui na terra se quando temos a oportunidade de exercer o governo através do voto o fazemos segundo nossa própria vontade, movidos por nossos próprios interesses? Quantos de nós não estamos definindo em quem votar a partir de acordos não publicáveis feitos com os candidatos?
                            Como estamos exercendo o poder que Deus nos deu? Nosso voto é instrumento de justiça? Ou será que estamos pensando que estamos livres para votar do que jeito que bem entendemos, sem nenhuma preocupação com os princípios estabelecidos por Deus?
                            Ah, como somos iludidos por nossos próprios interesses! Como é triste se ouvir argumentos de tantos que pensam que a hora de votar é uma oportunidade de garantir para si algum tipo de benefício? Como é enganoso, até mesmo para muitos líderes, imaginar que podem barganhar os votos de seus liderados para o atendimento de seus próprios interesses!
                            Como enganoso também é pensar que justifica a definição do voto mediante acertos que visem beneficiar (?) o culto! Será justo exercermos o poder de outra forma que não seja visando a justiça, o bem de todos? As autoridades são ministros de Deus. Devem elas fazer a vontade de Deus e não atender nossos interesses pessoais.
                            É enganoso também pensar que vamos eleger representantes dentre os nossos irmãos para garantir nosso naco de poder. Devemos elegê-los com muito temor a Deus, com o firme desejo de que sejam uma bênção para todos. Que sirvam aos propósitos do Deus Eterno. Isso é tudo o que precisamos!
                            Pensemos um pouco melhor nos motivos pelos quais estamos votando e em quem estamos votando. Votar é exercer poder, um poder que Deus nos deu. Peçamos a Ele orientação, com um coração inteiramente submisso à Sua vontade, para que tenhamos confiança diante Dele e não sejamos responsabilizados pelas nossas escolhas impuras. O problema nem sempre está em quem escolhemos, mas porque escolhemos. Não existirão frutos bons se a raiz da árvore não for boa.
 O autor é pastor auxiliar em Ji-Paraná, RO, assessor jurídico da convenção estadual e membro do Conselho de Comunicação e Imprensa da CGADB.





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