A PRIMEIRA E A SEGUNDA RESSURREIÇÃO: QUEM FARÁ PARTE?
Marcelo Oliveira de Oliveira
Nesta
semana recebi questionamentos sobre a lição deste domingo, a de número 5, da
Revista Lições Bíblicas CPAD, onde o comentarista, abordando sobre o tema
escatológico da primeira e da segunda ressurreição, afirma: “Contudo, na
primeira ressurreição, farão também parte desse evento glorioso: ‘as duas
testemunhas’ (Ap 11.1-12; o grupo dos ‘mártires’, aqueles que aceitarão a Cristo na ‘grande tribulação’ (Ap 20.5,6)”
(Revista do Professor, pág. 38 – Lição
5, 1º Tópico, 2º subtópico).
A
grande dúvida é sobre o evento da Primeira Ressurreição descrita em Apocalipse
20.4-6. Antes de avançarmos é importante destacar que a explicação ora exposta
neste espaço virtual segue a linha oficial de interpretação das Assembleias de
Deus no Brasil, isto é, o Pré-milenismo-dispensacionalista-pré-tribulacionista.[1]
Naturalmente, há irmãos em Cristo que compreendem de maneira diferente o
capítulo 20 de Apocalipse e a doutrina do Arrebatamento. Como esse texto é
voltado para os professores da Escola Dominical que usam a revista da CPAD, é
importante respeitarmos a linha oficial de interpretação da nossa denominação.
“As Duas testemunhas” e
os “Mártires” farão parte da Primeira Ressurreição? O problema desta pergunta é
que muitos confundem a Primeira Ressurreição como sendo apenas o evento
escatológico do Arrebatamento. O texto de Apocalipse 20 diz que “bem-aventurado
e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição” (v.6). Quem são estas
pessoas que têm parte na Primeira Ressurreição? O versículo 4 responde: “as
almas daqueles degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que
não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na
mão”. Essas pessoas são o grupo de “Mártires” provenientes da Grande
Tribulação. Aqueles que resistiram e enfrentaram a rebelião do Anticristo.
No mesmo período dos Mártires,
ou seja, na Grande Tribulação, e após serem mortas, as “Duas Testemunhas” serão
ressuscitadas, pois igual aos mártires, elas resistiram e denunciaram o engano
do Anticristo, além de proclamar a mensagem de Deus (Ap 11.1-14). Logo, o grupo
dos “Mártires” e as Duas Testemunhas têm parte na Primeira Ressurreição. Algumas pessoas discordam exatamente neste
ponto! Por compreenderam a Primeira Ressurreição como se fosse apenas o evento
do Arrebatamento, alguns irmãos pensam que o comentarista da lição equivocou-se
ao afirmar: “Contudo, na primeira ressurreição, farão também parte desse evento
glorioso: ‘as duas testemunhas’ (Ap 11.1-12); o grupo dos ‘mártires’, aqueles
que aceitarão a Cristo na ‘grande tribulação’ (Ap 20.5,6)”. O que não é verdade,
pois de acordo com a interpretação clássica do Pré-Tribulacionismo, não há erro
nesta afirmativa. Vejamos.
O Pré-Tribulacionismo
Clássico, com base em Apocalipse 20, entende que se pode dividir o fenômeno da ressurreição
escatológica em dois momentos: Primeira Ressurreição [salvos] e Segunda
Ressurreição [ímpios]. Esta última se refere à ressurreição dos ímpios diante
do Trono Branco, como está narrado em Apocalipse 20.11-15. Aquela Primeira Ressurreição
diz respeito a todos os salvos em Cristo e não se dá apenas em único evento. Ou
seja, a Primeira Ressurreição se dá em vários eventos em que se refere
exclusivamente à ressurreição dos crentes. Neste aspecto, a Primeira
Ressurreição ocorre várias vezes ao longo da história humana:
1.
A
Ressurreição do Salvador, as primícias da Primeira Ressurreição (Rm 6.8; 1 Co
15.20,23; Cl 1.18; Ap 1.18);
2.
Os santos do Antigo Testamento. Mateus
narra que, por ocasião da morte de Jesus, os túmulos de muitos santos foram
abertos e estas pessoas apareceram na cidade como sinal de confirmação de que
Jesus era o Messias (Mt 27.50-54; cf. Dn 12.1-2).[2]
3.
Os salvos que morreram antes da volta do
Senhor (1 Co 15.51; 1 Ts 4.13-18).
4.
As Duas Testemunhas do Apocalipse (Ap
11.1-14).
5.
“Os mártires da Tribulação. Apocalipse 20.4-6
identifica os mortos martirizados na Tribulação como aqueles que serão
ressuscitados na segunda vinda de Cristo, a fim de reinarem com Ele por mil
anos”.[3]
Neste caso, não há erro
em afirmar que, além da Igreja de Cristo ser arrebatada nos Céus, as Duas
Testemunhas e o grupo de Mártires farão parte da Primeira Ressurreição. É o que
está textualmente claro em Apocalipse 20.4-6. Ora, os santos do Antigo
Testamento, a Igreja arrebatada, as Duas Testemunhas e os Mártires estarão para
sempre com o Senhor: esta é a Primeira Ressurreição (Ap 20.6). Logo, a segunda
ressurreição se refere somente aos ímpios que se rebelaram contra Deus: quando
se dará o julgamento diante do trono Branco, o Juízo Final (Ap 20.11-15).
O que deve ficar claro
para quem estudará a lição deste domingo, em primeiro lugar, é que devemos
conservar a esperança na Vinda do Senhor, pois Ele pode voltar a qualquer
momento. A sua vinda é iminente! Os apóstolos tinham essa esperança e devemos
conservá-la também. Anelar pela vinda do Senhor! Isto requer um exercício de
nos tornarmos menos materialistas e mais espirituais. Em segundo lugar: que
haverá um juízo de Deus, onde os homens prestarão contas de seus atos e ações
perante o justo juiz.
Portanto, não
precisamos nos prender em detalhes, mas focar no mais importante, no
indispensável: o nosso Rei virá! Veremos a Jesus! É nutrir o povo de Deus com
esperança, e não medo; com alegria, e não tristeza; com paz, e não turbação.
Afinal, “agora, vemos por espelho
em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas,
então, conhecerei como também sou conhecido” (1 Co 13.12).
FONTE: http://marcelooliveiradeoliveira.blogspot.com.br/2016/01/a-primeira-e-segunda-ressurreicao-quem.html.