terça-feira, 23 de outubro de 2012

A PSICOLOGIA SOCIAL E UMA NOVA CONCEPÇÃO DO HOMEM PARA A PSICOLOGIA

A PSICOLOGIA SOCIAL E UMA NOVA CONCEPÇÃO DO HOMEM PARA A PSICOLOGIA
01 - A relação entre Psicologia e Psicologia Social deve ser entendida em sua perspectiva histórica, quando na década de 50 se iniciam sistematizações em termos de Psicologia Social, dentro de duas tendências:
Uma, na tradição pragmática dos Estados Unidos, visando alterar e/ou criar atitudes, interferir nas relações grupais para harmonizá-las e assim garantir a produtividade do grupo – reconstrutores da humanidade que acabava de sair da destruição da II Guerra Mundial.
A outra tendência, que também procura conhecimentos que evitem novas catástrofes mundiais, segue a tradição filosófica européia, com raízes na fenomenologia, buscando modelos científicos totalizantes, como Lewin em sua Teoria de Campo.
02 - Sua eficácia começa a ser questionada em meados da década de 60, quando as análises críticas apontavam para uma “crise” do conhecimento psicossocial que não conseguia intervir nem explicar, muito menos prever comportamentos sociais.
As réplicas de pesquisas e experimentos não permitiam formular leis, os estudos interculturais apontavam para uma complexidade de variáveis que desafiavam os pesquisadores e estatísticos – afirmam sobre relações existentes, mas nada em termos de “como e por quê”.
03 - A tradição psicanalítica é feita uma crítica à Psicologia Social Norte-Americana como uma ciência ideológica, reprodutora dos interesses da classe dominante, e produto de condições históricas específicas, o que invalida a transposição tal e qual deste conhecimento para outros países, em outras condições histórico-sociais.
Crítica ao positivismo que em nome da objetividade perde o ser humano.
O primeiro passo para a superação da “crise” foi constatar a tradição biológica da Psicologia. Ou seja, para compreender o indivíduo bastaria conhecer o que ocorre “dentro dele”, quando ele se defronta com estímulos do meio.
04 - O seu organismo é uma infra-estrutura que permite o desenvolvimento de uma superestrutura que é social e, portanto, histórica.
Não discutimos a validade das leis de aprendizagem;
Por que se aprende certas coisas e outras são extintas, por que objetos são considerados reforçadores e outros punidores. Em outras palavras, em que condições sociais ocorre a aprendizagem e o que ela significa no conjunto das relações sociais que definem concretamente o indivíduo na sociedade em que ele vive
05 – A Ideologia nas Ciências Humanas
Caberia à Psicologia Social recuperar o indivíduo na intersecção de sua história com a história da sua sociedade – apenas este conhecimento nos permitiria compreender o homem enquanto produtor da história.
Na medida em que o conhecimento positivista descrevia comportamentos restritos no espaço e no tempo, sem considerar a inter-relação infra e superestrutural, estes comportamentos, mediados pelas instituições sociais, reproduziam a ideologia dominante.
06- A ideologia, como produto histórico que se cristaliza nas instituições, traz consigo uma concepção de homem necessária para reproduzir relações sociais, que por sua vez são fundamentais para a manutenção das relações de produção da vida material da sociedade como tal.
Na medida em que a história se produz dialeticamente, cada sociedade, na organização da produção da vida material, gera uma contradição fundamental, que ao ser superada produz uma nova sociedade, qualitativamente diferente da anterior.
07 - Deste modo, quando as ciências humanas se atêm apenas na descrição, seja macro ou microssocial, das relações entre os homens e das instituições sociais, sem considerar a sociedade como produto histórico-dialético, elas não conseguem captar a mediação ideológica e a reproduzem como fatos inerentes à “natureza” do homem.
Lembramos aqui que Wundt e seu laboratório, que, objetivando construir uma psicologia científica, que se diferenciasse da especulação filosófica, se preocupa em descrever processos psicofisiológicos em termos de estímulos e respostas, de causa-efeito.
08 - Skinner, através da análise experimental do comportamento, detecta os controles sutis que, através das instituições, os homens exercem uns sobre os outros, e define leis de aprendizagem.
Também a análise do autocrontole se aproxima do que consideramos consciência de si e o contracontrole descreve ações de um indivíduo em processo de conscientização social.
A história individual é considerada enquanto história social que antecede e sucede à história do Indivíduo. Nesta linha de raciocínio caberia questionar por que alguns comportamentos são reforçados e outros punidos dentro de um mesmo grupo social.
09 - Não negamos a psicobiologia (Psicanálise) nem as grandes contribuições da psiconeurologia.
Afinal, elas descrevem a materialidade do organismo humano que se transforma através de sua própria atividade, mas elas pouco contribuem para entendermos o pensamento humano e que se desenvolve das relações entre os homens, para compreendermos o homem criativo, transformador – sujeito da história social do seu grupo.
Se o homem não for visto como produto e produtor, não só de sua história pessoal, mas da história de sua sociedade, a Psicologia estará apenas reproduzindo as condições necessárias para impedir a emergência das contribuições e a transformação social.
10 - A Psicologia Social e o Materialismo Histórico
Tornou-se necessária uma nova dimensão espaço-temporal para se apreender o Indivíduo como ser concreto, manifestação de uma totalidade histórico-social – daí a procura de uma psicologia social que partisse da materialidade histórica produzida por produtora de homens.
É dentro do materialismo histórico e da lógica dialética que vamos encontrar os pressupostos epistemológicos para a reconstrução de um conhecimento que atenda à realidade social e ao cotidiano de cada indivíduo e que permita uma intervenção efetiva na rede de relações de cada indivíduo – objeto da Psicologia Social.
11 - Das críticas feitas detectamos que definições, conceitos constructos que geram teorias abstratas em nada contribuíram para uma prática psicossocial.
Se nossa meta é atingir o indivíduo concreto, manifestação de uma totalidade histórico-social, temos de partir do Empírico.
Também a partir de críticas à psicologia social “tradicional” pudemos perceber dois fatos fundamentais para o conhecimento do indivíduo:
12 - O homem não sobrevive a não ser em relação com outros homens, portanto a dicotomia Indivíduo x Grupo é falsa – desde o seu nascimento (mesmo antes) o homem está inserido num grupo social.
A sua participação, as suas ações, por estar em grupo dependem fundamentalmente da aquisição da linguagem que preexiste ao indivíduo como código produzido historicamente pela sua sociedade, mas que ele aprende em suas relações específicas com outros indivíduos.
Se a língua traz em seu código significados, para o indivíduo as palavras terão um sentido pessoal decorrente da relação entre pensamento e ação, mediadas pelos outros significativos.
13 - O resgate destes dois fatos empíricos permite ao Psicólogo Social se aprofundar na Análise do Indivíduo concreto, considerando a imbricação entre ralações grupais, linguagem, pensamento e ações na definição de características fundamentais para a Análise Psicossocial.
14 - Assim, é necessária a comunicação (linguagem) assim como um plano de ação (pensamento), que por sua vez decorre de atividades anteriormente desenvolvidas.
Refletir sobre uma atividade realizada implica repensar suas ações, ter consciência de si mesmo e dos outros envolvidos, refletir sobre os sentidos pessoais atribuídos às palavras, confrontá-las com as conseqüências geradas pela atividade desenvolvida pelo grupo social, e nesta reflexão se processa a consciência do indivíduo, que é indissociável enquanto de si e social.
15 - Leontiev inclui ainda a personalidade como categoria, decorrente do princípio de que o homem, ao agir, transformando o seu meio, se transforma.
Caberia ainda, na especificidade psicossocial, uma análise das relações grupais enquanto mediadas pelas instituições sociais e como tal exercendo uma mediação ideológica na atribuição de papéis sociais e representações decorrentes de atividades e relações sociais tidas como “adequadas”, corretas, esperadas...
16 - Assim, a análise do processo grupal nos permite captar a dialética Indivíduo-Grupo, onde a dupla negação caracteriza a superação da contradição existente e quando o indivíduo e grupo se tornam agentes da história social, membros indissociáveis da totalidade histórica que os produziu e a qual eles transformam por suas atividades também indissociáveis.
17 - Teoria de Campo de Kurt Lewin:
É uma das muitas teorias que procuram explicar a natureza e o comportamento humano, assentando nas seguintes premissas:
O comportamento das pessoas resulta de um conjunto de fatores que coexistem no ambiente em que essa pessoa desenvolve a sua atividade, conjunto de fatores este que inclui a família, a profissão, o trabalho, política, a religião, etc.;
O referido conjunto de fatores constitui uma relação dinâmica e de interdependência, a que Lewin chama campo psicológico (que desta forma constitui o próprio espaço de vida do indivíduo, definindo a forma como este percebe e interpreta o ambiente externo que o rodeia).
18 - Organismo: infra-estruturaMeio: Super-estrutura
Crise de relevância: S – R / S (O) R
Crítica ao Positivismo: Vê o homem como máquina e perde a subjetividade
Ideologia como produto histórico: impõe normas e regras; ideologia é ligada a fatores políticos, serve para nortear comportamento.
Dialética: diante da mesma perspectiva, ora funciona como produto, ora como produtor – ter mediação ideológica
19 - Sociedade: estuda fenômenos sociais na qual o indivíduo está inserido.
Status quo: posição social Materialismo histórico: somatória entre o que    estou aprendendo e o que já sabia.
Linguagem: aspecto cultural
Significado: valor real
Significante: o que eu penso
Dupla negação: se a pessoa nega enquanto pessoa, também nega enquanto grupo

CONGNIÇÃO SOCIAL, ATITUDE E PRECONCEITO.
01 – Cognição Social
É o estudo de como as pessoas fazem interferência a partir de informação obtida no ambiente social.
Com base nas primeiras impressões que obtemos a formar uma “teoria acerca de sua personalidade”.
02 - O Desenvolvimento do Autoconceito
É formado através de comparação com outras pessoas.
Nosso autoconceito é de relevância em uma variedade de situações sociais.
“Formamos uma imagem de nós mesmos da mesma maneira que formamos uma impressão de outra pessoa”.
03 – Esquemas
Estrutura organizada de conhecimentos acerca de pessoas, assuntos, objetos... Que utilizamos para entender o mundo que nos cerca.
Para a Psicologia Social, é de particular relevância a influência da interação social na formação do autoconceito.
04 – Teoria da Comparação Social.. Festinger - 1954
Tendemos a nos avaliar constantemente quanto nossas opiniões e capacidades.
Tal apreciação é feita através de comparação com uma realidade objetiva ou, na falta desta, através de comparação com outras pessoas.
05 - ...Esta Teoria prega que, para podermos saber quem somos nós “por dentro”, é preciso que dirijamos nosso olhar para “fora”de nós...
06 – Fatores que Influem no Processo Perceptivo..
Seletividade Perceptiva.. Nossos órgãos sensoriais são simultaneamente atingidos por uma variedade de estímulos, mas só percebemos um subconjunto destes estímulos..
Percepção de Características Negativas e Positivas...
07 – Experiência Prévia e Conseqüente Disposição para Responder..
Nossas experiências passadas facilitam a percepção de estímulos com os quais tenhamos, anteriormente entrado em contato.
O Psicólogo Social utiliza esta característica do processo perceptivo.. Estímulos conhecidos são facilmente comunicáveis...
08 - Condicionamento...
Fatores Contemporâneos ao Fenômeno Perceptivo... Estados de fome, sede, frio, depressão, pobreza, cansaço... Podem influir na percepção do estímulo sensorial...
09 – Percepção de Pessoas...
Destaca-se a ênfase na atribuição de intenções...
As pessoas são percebidas como também capazes de perceber.. São ausentes na percepção de coisas..
Ickes (1980) – explicações sociopsicológicas para o fenômeno de resistência a mudança de nossas primeiras impressões...
10 – Precisão no Julgamento de Outrem...
“Habilidade” de julgar emoções, sentimentos e intenções alheias...
Quando existem certas normas sociais que prescrevem determinados comportamentos, os julgamentos das pessoas que emitem tais comportamentos podem tornar-se ambíguos..eles podem ter manifestações internas ou de conformismo..
11 – Critério Indicativo da Acuidade do Julgamento..
Na falta de testes, ficamos à mercê de julgamentos de outras pessoas...
Observação objetiva de comportamentos indicadores de disposições subjacentes..
12 - Linguagem não verbal... (DePaulo e Friedman – 1998) – “A Expressão das Emoções nos Homens e dos Animais”..
Pistas não verbais na percepção pessoal e na conversação, expressividade, detecção de mentiras, influência social e atração.
13 - O Enfoque Cognitivo em Percepção de Pessoas
Salienta a necessidade que temos de formarmos todos significativos em nossas percepções das pessoas.
Somos seletivos na busca de atributos que se formam com as primeiras impressões formadas..
14 - Ao processarmos as informações recebidas das pessoas com quem entramos em contato, somos fortemente influenciados por esquemas sociais..
.... São estruturas cognitivas que formamos em nossas cabeças em torno de temas ou tópicos...
15 - Esquemas acerca de pessoas .. (engenheiros, artistas, psicólogos..)
De nós mesmos... (tímidos, engraçados, companheiros)...
Certos Ambientes... ( igrejas, reuniões, festas)...
Grupos ... (negros, brancos, asiáticos)...
16 – Heurísticas ou Atalhos do Processo Cognitivo..
Representatividade... Usamos um “atalho” para chegar a uma conclusão, utilizando a semelhança da situação presente com um esquema cognitivo previamente adquirido.
Julgando que a nova situação é representativa do esquema anterior, rapidamente chegamos a um julgamento...
17 - Uso de Ponto de Referência... Um ponto mais comum utilizado é o nosso próprio eu... (ex. tímido – extravagante, sociável)
Falso Consenso... “todo mundo acha isso” é uma maneira econômica de acharmos que estamos certos em nossas posições..
Acessibilidade.. Depende da maior ou menor acessibilidade de informação sobre o assunto..(ex. esporte – acidente)..
18 – Utilização de Heurísticas...
Nos sentimos sobrecarregados cognitivamente...
O assunto não é muito importante..
Estamos sob pressão de tempo para emitir julgamento...
Dispomos de pouca informação sobre o assunto..
19 – Atribuição...
Causalidade Pessoal.. Ou Impessoal (Heider) diz que nós temos necessidade de atribuir causas aos fenômenos que observamos..
Buscamos as constâncias de objetos e pessoas.. Se considerarmos uma pessoa agressiva, ela emitirá um comportamento agressivo, se isso não acontecer, procuramos pela causa do fenômeno inesperado...
20 - As explicações possíveis são procuradas e, enquanto não encontradas, nos sentimos curiosos e inseguros..
A existência de explicações para os fenômenos que contemplamos nos dá a sensação de vivermos num mundo relativamente estável e possível..
21 – Teoria Atribuicional de Bernard Weiner
O autor aplica sua teoria atribuicional de motivação e emoção ao fenômeno específico de julgamentos de responsabilidade.

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