CONTRAPONDO A ARROGÂNCIA COM A HUMILDADE
4º Trimestre/2013 -Texto Básico: Provérbios 8:13-21
INTRODUÇÃO
Segundo
o dicionário Aurélio, arrogância é “orgulho que se manifesta por
atitudes altivas e desdenhosas; soberba”. A arrogância do homem, que o
levam a se achar poderoso e a querer a glória para si, ao invés de
reconhecer a onipotência de Deus e a glória que só a Ele é devida, tem
sido a principal causa de derrota e fracasso na vida de tantas pessoas. A
soberba transformou um anjo de luz em demônio. Por causa da soberba,
Deus expulsou Lúcifer do Céu. Deus resiste aos soberbos. Ele declara
guerra aos orgulhosos e humilha os altivos de coração.
O Rev.
Hernandes Dias Lopes diz que a soberba é a porta de entrada do fracasso e
a sala de espera da ruína. O orgulho leva a pessoa à destruição, e a
vaidade a faz cair na desgraça. Na verdade, o orgulho vem antes da
destruição, e o espírito altivo, antes da queda. Nabucodonosor foi
retirado do trono e colocado no meio dos animais por causa da sua
soberba(cf. Dn 4:30-37). O rei Herodes Antipas I morreu comido de vermes
porque ensoberbeceu seu coração em vez de dar glória a Deus (At
12:21-23). O reino de Deus pertence aos humildes de espírito, e não aos
orgulhosos de coração.
Esse
terrível mal também tem grassado igrejas locais. A Bíblia registra um
exemplo: a igreja de Laodicéia. Esta igreja, a começar do seu líder,
enchia o peito e dizia para todos, com evidente e louca arrogância: “Rico sou e de nada tenho falta”
(Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação de arrogância que se verifica
a fraqueza espiritual. Ao dizer que não precisava de coisa alguma,
aqueles crentes mostravam o seu estado de “mornidão espiritual”, pois só
temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a
nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. A autoglorificação é
desprezível. A igreja de Laodicéia exaltou-se dando nota máxima a si
mesma em todas as áreas. Mas Cristo a reprovou em todos os itens. A
Bíblia diz: ”Louve-te o estranho, e não a tua boca; o estrangeiro, e não
os teus lábios”(Pv 27:2). Deus detesta o louvor próprio. Jesus explicou
essa verdade na parábola do fariseu e do publicano. Aquele que se
exaltou foi humilhado, mas o que se humilhou, desceu para sua casa
justificado.
No
contexto do livro de Provérbios, os termos contrastantes “humildade” e
“arrogância” ocorrem com muita frequência. Mas, um fato a se observar é
que eles ocorrem sempre dentro do contexto das interações humanas. Dessa
forma para se conhecer quem é o sábio, o autor de Provérbios põe no
cenário, como figura contrastante, o insensato; da mesma forma o injusto
será contrastado com o justo; o rico com o pobre; o escravo com o
príncipe. Vejamos a seguir.
I. O SÁBIO VERSUS O INSENSATO
Em Provérbios 11:2, lemos: “Em vindo a soberba, sobrevêm a desonra, mas com os humildes está a sabedoria”. O
Rev. Hernandes Dias Lopes comentando este versículo diz que um
individuo soberbo é aquele que deseja ser mais do que é e ainda se
coloca acima dos outros para humilhá-los e envergonhá-los. O soberbo é
aquele que superdimensiona a própria imagem e diminui o valor dos
outros. É o narcisista que, ao se olhar no espelho, dá nota máxima e
aplaude a si mesmo, ao mesmo tempo que endereça suas vaias aos que estão
à sua volta. É por isso que o sábio diz que, em vindo a soberba,
sobrevém a desonra. A soberba é a sala de espera da desonra. É o
corredor do vexame. É a porta de entrada da vergonha e da humilhação. A
Bíblia diz que Deus resiste ao soberbo (Tg 4:6), declarando guerra
contra ele. Por outro lado, com os humildes está a sabedoria. O humilde é
aquele que dá a glória devida a Deus e trata o próximo com honra. A
humildade é o palácio onde mora a sabedoria. Os humildes são aqueles que
se prostram diante de Deus, reconhecendo seus pecados e nada
reivindicando para si mesmos; no entanto, são estes também que, em tempo
oportuno, Deus exaltará. A Palavra de Deus é categórica em dizer que
Deus humilha os soberbos, mas exalta os humildes. O reino de Deus
pertence não aos soberbos, mas aos humildes de espírito 1.
Em
seu comentário do Livro de Provérbios, Warren W. Wiersbe destaca:
“Vários teólogos acreditam que o orgulho é o “pecado dos pecados”, pois
foi o orgulho que transformou um anjo no Diabo (Is 14:12-15). As
palavras de Lúcifer “serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:14), foram um
desafio ao próprio trono de Deus e, no jardim do Éden, transformaram-se
na declaração “como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn
3:5). Eva acreditou nessas palavras, e o restante da história é
conhecido. “Glória ao homem nas maiores alturas”, esse é o grito de
guerra da humanidade orgulhosa e ímpia que continua desafiando Deus e
tentando construir o céu na terra (Pv 11:1-9; Ap 18). “Quanto ao soberbo
e presumido, zombador é o seu nome; procede com indignação e
arrogância” (Pv 21:24). “Antes da ruína, gaba-se o coração do homem, e
diante da honra vai a humildade” (Pv 18:12, ARA; ver 29:23). Deus
aborrece “olhos altivos” (Pv 6:16,17) e promete destruir “a casa dos
soberbos” (Pv 15:25). Quase todo cristão sabe Provérbios 16:18 de cor,
mas nem todos nós atentamos para o que esse versículo diz: “A soberba
precede a ruína, e altivez do espírito precede a queda”. 3
II. O JUSTO VERSUS O INJUSTO
No livro de Provérbios a humildade é característica de uma pessoa sensata, modesta e mansa e por isso sabe que a justiça é
de origem divina (Pv 29:26); que ela exalta as nações (Pv 14:34); livra
da morte (Pv 10:2); guarda o que anda em integridade (Pv 13:6); é amada
por Deus (Pv 15:9) e por isso deve ser exercitada (Pv 21:3).
Antônio
Neves de Mesquita, comentando Provérbios 14:34, destaca: O pecado é o
opróbrio dos povos. O pecado, sempre o pecado, que cria o invejoso, o
prepotente, o opressor e toda essa coorte de sinistros elementos que
infelicitam a vida. A falta de justiça na terra também resulta do
pecado. Todo o mal é produto ou subproduto do pecado na vida. Só a
Justiça é capaz de dar aos povos a paz e harmonia que desejam, e essa
justiça só pode vir do uso e prática da Bíblia. Fora dela não há justiça
possível, nos termos em que a mesma Bíblia compreende 2.
As
nações em cujo berço estava a verdade e que beberam o leite da piedade,
essas cresceram fortes, ricas, bem-aventuradas e tornaram-se
protagonistas das grandes transformações sociais. Tais nações sempre
estiveram na vanguarda e lideraram o mundo na corrida rumo ao progresso.
A justiça não pode ser apenas um verbete nos dicionários; deve ser uma
prática presente nos palácios, nas cortes, nas casas legislativas, nas
universidades, na indústria, no comércio, na família e na igreja. (4)
III. O RICO VERSUS O POBRE
A
riqueza passa a ser estimada pelo próprio Deus quando atende aos seus
propósitos: “O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas o que
se compadece do necessitado honra-o” (Pv 14:31). Nesse aspecto, riqueza
e humildade podem até mesmo andarem juntas: “O galardão da humildade e o
temor do Senhor são riquezas, e honra, e vida” (Pv 22:4).
Concordo
com o Rev. Hernandes Dias Lopes quando diz que um dos atributos de Deus
é a justiça. Ele é justo em todas as suas obras. Deus abomina toda
forma de injustiça. Ele julga a causa dos pobres e oprimidos. Quem
oprime ao pobre, por ser ele fraco, sem vez e sem voz, insulta a Deus.
Quem torce a lei para levar vantagem sobre o pobre conspira contra o
Criador. Quem corrompe os tribunais, subornando juízes e testemunhas
para prevalecer sobre o pobre em juízo, entra numa batalha contra o
próprio Deus onipotente. Insultar a Deus, porém, é uma insanidade
consumada, pois ninguém pode lutar contra o Senhor e prevalecer. Por
outro lado, quem socorre o necessitado agrada o coração de Deus. Aquilo
que fazemos para os pobres, fazemos para o próprio Senhor.
Quem
dá aos pobres empresta a Deus. A alma generosa prosperará. Deus
multiplica a sementeira daqueles que semeiam a bondade na vida do
próximo. Tanto o pobre como o rico foram criados por Deus – “O rico e o pobre se encontraram; a todos os fez o SENHOR”
(Pv 22:2). Ele ama a ambos. Os ricos devem manifestar a generosidade de
Deus aos pobres, e estes devem agradecer a Deus a bondade dos ricos.
Aqueles que oprimem ao pobre, mesmo que acumulem riquezas, não
desfrutarão de seus tesouros. Aqueles, porém, que socorrem o
necessitado, mesmo que desprovidos dos tesouros da terra, possuirão as
riquezas do Céu(5).
O apóstolo Paulo ensinou a igreja de Corinto nos seguintes termos: “Agora,
porém, completai também o já começado, para que, assim como houve a
prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes.
Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer
tem e não segundo o que não tem. Mas não digo isso para que os outros
tenham alívio, e vós, opressão; mas para igualdade; neste tempo
presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a
sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade, como está
escrito: O que muito colheu não teve de mais; e o que pouco, não teve de
menos” (2Co 8:11-15).
IV. O PRÍNCIPE VERSUS O ESCRAVO
Em seu Comentário Devocional da Bíblia, o expositor bíblico Lawrence O. Richard, discorre sobre o sentido de Provérbios 31.1-9:
Esses
versículos de conselho, dados por um rei que escrevia sob o pseudônimo
de Lemuel, revelam uma visão elevada da responsabilidade real. O rei é
servo do seu povo, e deve proteger os oprimidos e julgar com justiça. A
indulgência pessoal “não é própria dos reis”. Eles devem despender a sua
força e o seu vigor servindo ao seu povo, não procurando mulheres ou
embriagando-se.
Essas
palavras de uma mãe nos lembram de que devemos considerar toda
autoridade no contexto da servidão. O homem, que é a “cabeça da casa”,
como o rei desses versículos, não deve usar a sua autoridade para
explorar ou “dominar” a sua esposa, mas para servir tanto a ela, como
aos filhos que tiver com ela.
Dessa
forma, através da sabedoria o rei justo deveria promover o bem-estar
social - “O rei justo sustém a terra, mas o amigo de impostos a
transtorna” (Pv 29.4, ARA). Quando esse governante não teme a Deus, mas
age de forma perversa e arrogante o povo logo sente os reflexos -
“Quando se multiplicam os justos, o povo se alegra, quando, porém,
domina o perverso, o povo suspira” (Pv 29.2, ARA). Por isso o governante
sábio dará atenção especial aos mais humildes - “O rei que julga os
pobres com equidade firmará o seu trono para sempre” (Pv 29.14, ARA). (Fonte: Sábios Conselhos para um viver Vitorioso – José Gonçalves. CPAD. 2013).
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