4º Trimestre/2013 - Texto Básico: Pv 6:1-5; Pv 30:8,9
INTRODUÇÃO
O
dinheiro é o deus mais adorado atualmente. Ele deixou de ser apenas uma
moeda para transformar-se num ídolo. Por ele, muitos se casam,
divorciam-se, mentem, matam e morrem. Aqueles, entretanto, que pensam
que o dinheiro é um fim em si mesmo, que correm atrás dele
delirantemente, descobrem frustrados, e tarde demais, que seu brilho é
falso, que sua glória se desvanece, que seu prazer é transitório.
Aqueles que fazem do dinheiro a razão de sua vida caem em tentação e
cilada e atormentam a sua alma com muitos flagelos. Porém, o dinheiro é
bom; ele é necessário; é um meio e não um fim; é um instrumento por
intermédio do qual podemos fazer o bem. O problema não é ter dinheiro,
mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas
entesourá-lo no coração. Por isso, devemos de forma correta lidar com o
dinheiro.
I. CUIDADO COM AS FINANÇAS E EMPRÉSTIMOS
1. O fiador. O
fiador é aquele que dá garantias de que o devedor irá cumprir sua
palavra e pagar suas dívidas; caso contrário, ele mesmo arcará com esse
ônus. O fiador empenha sua palavra, sua honra e seus bens, garantindo ao
credor que o devedor saldará seus compromissos a tempo e a hora. O
fiador fica, assim, obrigado, mediante a lei, a pagar em lugar do
devedor caso este não cumpra seu compromisso. Todavia, Provérbios nos
aconselha a não assumirmos responsabilidades pelas dívidas de outrem. Se
alguém que realmente estiver precisando vier lhe pedir para ser fiador,
avalie, antes de assumir, se você terá condições de pagar, caso o
devedor principal deixe de fazê-lo. Esta é a única situação legitima de
fiança. Se você também não puder pagar, então não se torne fiador.
Muitos tomam esta decisão baseados no temor das pessoas – “ele vai ficar chateado comigo”; “se um dia eu precisar, não poderei contar com ele”, etc. Este é um laço que, se você cair nele, corre o sério risco de ficar sem meios de prover a si e a sua família - “Aquele que fica por fiador do estranho tira a sua roupa e penhora-a por um estranho” (Pv 20:16) -, e até mesmo ficar no olho da rua – “Não
estejas entre os que dão as mãos e entre os que ficam por fiadores de
dívidas. Se não tens com que pagar, por que tirariam a tua cama de
debaixo de ti?” (Pv 22:26,27). Portanto, tenha muito cuidado em
tomar essa decisão. Ficar por fiador de um companheiro já não é coisa
boa, conforme Provérbios 6:1; e ficar por fiador de um estranho, é pior
ainda. Leia Provérbios 11:15; 17:18; 22:26; 27:13.
2. Empréstimo. “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv
22:7). A dependência financeira gera escravidão. A dívida é uma espécie
de coleira que mantém prisioneiro o endividado. É por isso que os ricos
mandam nos pobres, pois detêm o poder econômico. Quem toma emprestado
fica refém de quem empresta. No tempo de Neemias, governador de
Jerusalém, os ricos que emprestaram dinheiro aos pobres já haviam tomado
suas terras, vinhas, casas e até mesmo escravizado seus filhos para
quitar uma dívida impagável. O profeta Miqueias denuncia essa mesma
forma de opressão, dizendo que em seu tempo muitos ricos estavam comendo
a carne dos pobres. Uma pessoa sábia é controlada em seus negócios e
não cede à pressão nem à sedução do consumismo. Não se aventura em
dívidas que crescem como cogumelo, pois sabe que o que toma empestado é
servo do que empresta. (1)
Caro
irmão, jamais faça empréstimos para adquirir coisas supérfluas. É
preferível manter-se dentro de um padrão mais modesto de vida, somente
com as coisas necessárias, do que tornar-se um endividado por causa dos
artigos que são dispensáveis. Pense nisso!
II. O CUIDADO COM O LUCRO FÁCIL
1. Evitando a usura e a agiotagem. Segundo o dicionário Aurélio, usura significa lucro excessivo, exorbitante, exagerado.
Esse tipo de lucro tornou-se o vetor que norteia os destinos das
empresas e pessoas nestes tempos pós-modernos. O TER passou a ser mais
importante que o SER. Os resultados valem mais do que as regras. Para
alimentar o sistema e fazer essa máquina girar, somos empurrados para
uma ciranda louca de consumismo. O comércio guloso, com sua bocarra
aberta, gera a cada dia mais insatisfação dentro de nós, convencendo-nos
de que a nossa felicidade está diretamente ligada aos produtos. Há
aqueles que se capitulam a esse apelo e compram o que não precisam, com
um dinheiro que não possuem, para impressionar pessoas que não conhecem.
Muitos
indivíduos, seduzidos pela fascinação das riquezas, transigem com seus
valores, amordaçam a consciência e se curvam aos apelos do lucro
ilícito. A corrupção está incrustada na medula da nossa nação. Ela
enfiou seus tentáculos em todos os setores da sociedade. Está presente
nos poderes constituídos. Nos corredores do poder, há inúmeras ratazanas
esfaimadas escondidas por trás de togas reverentes. Nos palácios e
casas legislativas há muitos criminosos que assaltam o erário público,
escondidos atrás de títulos pejados de honra. Nossa sociedade está
levedada pelo fermento da corrupção. A causa precípua desse desatino
moral é o amor ao dinheiro, a raiz de todos os males.
A
prosperidade que vem de Deus é bênção; a que vem dos mecanismos da
corrupção é maldição. Há indivíduos pobres que são prósperos e há homens
ricos que são miseráveis. A verdadeira prosperidade não é tanto o
quanto se ajunta com a ganância; mas, o quanto se distribui, apesar do
pouco. A Bíblia diz que a piedade com contentamento é grande fonte de
lucro (1Tm 6:6).
A agiotagem é uma prática criminosa. É
uma forma injusta e iníqua de se aproveitar da miséria do pobre,
emprestando-lhe dinheiro na hora do aperto, com altas taxas de juros,
para depois mantê-lo como refém. Muitos ricos inescrupulosos e
avarentos, movidos por uma ganância insaciável, aproveitam o sufoco do
pobre para emprestar-lhe dinheiro em condições desfavoráveis, apenas
para lhe tomar, com violência, seus poucos bens. Tenha cuidado com esses
ratos de esgoto.
2. Evitando o suborno. “O perverso aceita suborno secretamente, para perverter as veredas da justiça”
(Pv 17:23). A sociedade brasileira vive a cultura do suborno. Com
frequência perturbadora, vemos políticos inescrupulosos em conchavos
vergonhosos com empresas cheias de ganância e vazias de ética. Esses
trapaceiros recebem somas vultosas, a titulo de suborno, para favorecer
empresários desonestos, dando-lhes informações e oportunidades
privilegiadas, a fim de se apropriarem indebitamente dos suados recursos
públicos que deveriam promover o progresso da nação e o bem do povo.
Aqueles que aceitam suborno, e muitas vezes se escondem atrás de togas
sagradas e títulos honoríficos, não passam de indivíduos perversos e
maus, gente de quem deveríamos ter vergonha, pois fazem da vida uma
corrida desenfreada para perverter as veredas da justiça. Não poderemos
erguer as colunas de uma pátria honrada sem trabalho honesto. Precisamos
dar um basta nessa politica hedonista do “levar vantagem em tudo”. Se
quisermos ver nossa nação seguir pelos trilhos do progresso, precisamos
andar na verdade, promover a justiça e praticar aquilo que é bom. Isso é
o que Deus requer de nós (2).
Irmãos, evite o suborno! Pedro rejeitou – “E
Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o
Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim
esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o
Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para
perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu
não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto
diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade e ora a Deus,
para que, porventura, te seja perdoado o pensamento do teu coração” (At 8:18-22).
Certo dia, um
pastor participou-me uma prática clara de suborno. Ele disse: “irmão
Luciano, na igreja em que me congrego não tem mais diácono, todos foram
consagrados a ‘pastor’ para voltar no candidato indicado pelo pastor
presidente, por ocasião da eleição do novo presidente da CGADB”. Eu
pensei: isso é uma demonstração clara de prática de suborno; é simonia;
isso é uma vergonha! Para esses que agiram desse modo, ele aplico as
palavras de Pedro, supra.
III. O USO CORRETO DO DINHEIRO
Não
somos donos do dinheiro. Nada trouxemos ao mundo nem nada dele
levaremos. Somos apenas mordomos. Devemos ser fiéis nessa administração.
Se formos fiéis no pouco, Deus nos confiará os verdadeiros tesouros.
Nosso coração deve estar em Deus e não no dinheiro. Nossa confiança deve
estar no provedor e não na provisão. Nosso deleite deve estar nas
coisas lá do alto e não nas coisas que o dinheiro nos proporciona.
O
dinheiro não é um tesouro para ser usado de forma egoísta, mas para o
nosso deleite. Deus nos dá o dinheiro para O glorificarmos com ele, e
fazemos isso, quando cuidamos da nossa família, dos domésticos da fé e
de outras pessoas necessitadas, e quando contribuímos para a proclamação
do Evangelho. O dinheiro deve ser granjeado com honestidade, investido
com sabedoria e distribuído com generosidade.
Devemos usar corretamente o dinheiro:
1. Para promover valores espirituais. Entesoure
riquezas para a vida eterna (1Tm 6.19). O que você semeia é o que
colhe. Você semeia coisas materiais e colhe dividendos espirituais. Você
semeia coisas temporais e colhe bênçãos eternas. O homem rico, da
parábola de Jesus, não cuidou de Lázaro que estava com fome e jazia à
porta. No inferno ele se lembrou de Lázaro, mas já era tarde (Lc
16:19-31). Jesus disse que a vida de um homem não consiste na abundância
de bens que ele possui. Jesus disse também: "O que adianta ao homem
ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?". E ainda ensinou: "Não
podeis servir a Deus e às riquezas". A maneira que lidamos com o
dinheiro reflete quem somos internamente. Nós pertencemos a Deus? Nós
confiamos em Deus? O nosso tesouro está em Deus ou no dinheiro? Você tem
sentido alegria ao doar? Tem aumentado suas ofertas? Tem pedido a Deus
para multiplicar sua sementeira para poder ajudar ainda mais pessoas?
2. Para promover o bem-estar social. O
dinheiro não é nosso. Ele vem de Deus, é de Deus e vai voltar para
Deus. Não somos donos, somos apenas mordomos. Nada trouxemos para este
mundo nem dele nada levaremos. Deus nunca nos deu direito de posse
definitiva daquilo que lhe pertence.
Paulo dá alguns conselhos sobre como lidar corretamente com o dinheiro sem perder a alegria de viver:
a) Pratique o bem. Não
deixe o dinheiro dominá-lo, domine-o. Não deixe o dinheiro ser seu
patrão, faça dele um servo. Não acumule só para si mesmo, faça-o um
instrumento de ajuda para os outros.
b) Seja rico de boas obras. Abra
seus celeiros. Seja como Barnabé, coloque seus bens a serviço dos
outros (At 4:36,37). Qual foi a última vez que você fez algo que trouxe
glória ao nome de Deus e alegria para as pessoas? Qual foi a última vez
que fez uma oferta generosa para ajudar uma pessoa necessitada? Qual foi
a última vez que enviou uma oferta para um missionário? Qual foi a
última vez que entregou uma oferta de gratidão a Deus? Qual foi a última
vez que repartiu um pouco do muito que Deus lhe tem dado? O apóstolo
Paulo dá o belo exemplo da pobre igreja da Macedônia que se doou e
ofertou generosamente aos pobres da Judéia, pessoas que a Igreja não
conhecia pessoalmente (2Co 8:1-4).
c) Esteja pronto para repartir. A
Bíblia diz que a alma generosa prosperará, mas o que retém mais do que é
justo, isso será pura perda (Pv 11:25). "A quem dá liberalmente, ainda
se lhe acrescenta mais e mais" (Pv 11:24). "Quem se compadece do pobre
ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu benefício" (Pv 19:17). "[...]
dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante" (Lc
6:38). Quando damos nos tornamos imitadores de Deus!
IV. BUSCANDO O EQUILÍBRIO FINANCEIRO
Qual
é o ensinamento bíblico a respeito das riquezas? Este ensinamento é o
do equilíbrio, ou seja, Deus sabe que necessitamos de bens para
sobrevivermos, principalmente depois da queda do ser humano, que fez com
que nossa sobrevivência fosse obtida com esforço e dificuldades (Gn
3:17-19). Sabendo que precisamos destas coisas, Deus promete no-las dar,
se dermos prioridade às coisas realmente importantes, que são as
relativas à eternidade (Mt 6:31-34). Se colocarmos a comunhão com Deus
como nossa prioridade em nossas vidas, Deus dará o necessário para nossa
sobrevivência e é, precisamente, o necessário, o suficiente para a
nossa sobrevivência que Deus se compromete a dar a cada servo seu. O
sábio Agur orou por uma condição financeira equilibrada, para poder
escapar das tristes consequências de uma vida, tanto de necessidade como
de fartura; assim, pediu ele o pão diário, para ele e sua família - “...
não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha
porção acostumada; para que, porventura, de farto te não negue e diga:
quem é o SENHOR? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do
nome de Deus”(Pv 30:8,9). Esse pedido foi repetido por Jesus quando
ensinou seus discípulos a orar(Mt 6:11). Deus tem um compromisso com o
Seu povo: de lhe dar o pão de cada dia. Este compromisso o Senhor tem e
vela para cumpri-lo (cf.Jr 1:12).
1. Buscando a suficiência. Ter
excesso ou falta de dinheiro pode ser perigoso. Ser demasiadamente
pobre pode significar um risco para a saúde física e espiritual. Por
outro lado, ser rico não garante esses bens a uma pessoa. Como Jesus
assinalou, os que confiam nas riquezas têm dificuldade de entrar no
Reino de Deus (Mt 19:23,24). Como Paulo, podemos aprender a viver tendo
pouco ou muito (Fp 4:12), mas nossa vida poderá ser mais bem-sucedida se
não tivermos nem a pobreza nem a riqueza (Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal).
A
prosperidade prometida aos servos do Senhor não envolve a posse de bens
materiais, pois o verdadeiro e genuíno servo de Deus, dotado de
sabedoria que vem do alto (Tg.3:13,17), age como o sábio Agur, pedindo
ao Senhor tão somente a “porção acostumada”, ou seja, o necessário para a
sua existência digna, a fim de que, com muitas riquezas, não venha a
rejeitar a Deus e, na miséria, não venha a ter de furtar para sobreviver
(Pv 30:8,9). É esta “porção acostumada” que o Senhor tem prometido aos
seus servos e que consta em Mt 6:33 - “Todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Isto significa que todas as coisas de que necessitamos para sobreviver
nos serão dadas pelo Senhor se buscarmos primeiro o Reino de Deus e a
sua Justiça. Bem ao contrário do que se ensina erroneamente na
atualidade, Deus não prometeu à Igreja “todas as coisas”, mas, sim,
“todas as coisas necessárias”. É, aliás, o que Jesus nos ensinou a
pedir: “o pão nosso de cada dia” (Mt 6:11).
É
importante destacarmos que o cristão tem todo o direito de ser
próspero, tanto na vida espiritual como na material, de acordo com a
benção do Senhor sobre sua vida, em tudo aquilo que ele faz. Contudo,
isso não quer dizer que todos os cristãos devam ser, necessariamente,
ricos.
2. Buscando o que é virtuoso. Alguém
poderá questionar: “Existe algo melhor, mais virtuoso, do que as
riquezas materiais?”. Existe, sim! O bom nome. Foi o sábio Salomão quem
disse: “Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro“
(Pv 22:1). Note que Salomão não apenas declara que o bom nome é melhor
do que riquezas, mas que é melhor do que “muitas riquezas”. É melhor ter
uma boa reputação do que ser um ricaço. É melhor ter o nome limpo na
praça do que ter o bolso cheio de dinheiro sujo. É melhor andar de
cabeça erguida, com dignidade, do que viver em berço de ouro, porém
maculado pela desonra. A honestidade é um tesouro mais precioso do que
os bens materiais. Transigir com a consciência e vender a alma ao diabo
para ficar rico é consumada loucura, pois aquele que usa de expedientes
escusos para enriquecer, subtraindo o que pertence ao próximo, em vez de
ser estimado, passa a ser odiado na terra. A riqueza é uma bênção
quando vem como fruto do trabalho e da expressão da generosidade divina.
Mas perder o nome e a estima para ganhar dinheiro é tolice, pois o bom
nome e a estima valem mais do que as muitas riquezas. (3)
CONCLUSÃO
A
riqueza é bênção de Deus desde que adquirida de maneira honesta e não
vise exclusivamente aos deleites deste mundo (Tg 4:3); caso contrário,
seremos escravizados por ela. Mas, também é bom ressaltar que a pobreza
não é símbolo de maldição (Pv 17:1; 1Tm 6:7-9). A Bíblia condena o amor
ao dinheiro (1Tm 6:10), pois a avareza( a sede de possuir mais) é uma
forma de idolatria (Cl 3:5). Tudo aquilo que o homem ama mais do que a
Deus toma-se o seu deus (Fp 3:19). Pense nisso!
0 comentários:
Postar um comentário
Todo comentário deve seguir os critérios: estar relacionado ao assunto, ter identificação do comentarista e mesmo assim passa pelo nosso crivo daí decidiremos se devem ser publicados ou não.